Um brinde a mais sincera
ignorância, ao mais velado desespero, ao insensato desapego, a dor voraz do
abandono, e a corrosiva afetação de arrepender-se em desespero. Brindemos todos
reunidos a toda nossa hipocrisia, a destemida covardia e ao insensato desamor.
Brindemos
nossa falta de bom senso, nossa crueldade, e toda falta de compaixão. Brindemos
a violência gratuita do dia-a-dia, nosso aprisionamento involuntário... Um
brinde a autodestruição! Vamos brindar à apatia, o preconceito, a acomodação,
as noites em claro, a angustia, e brindemos também a ausência de perdão.
Brindemos hoje a vida que não vivemos, as escolhas que não escolhemos,
brindemos a nossa dor! Brindemos as fracasso e ao sucesso, ao sorriso, ao
pranto, ao dia que nunca terminou. Brindemos a rima que não se encaixa, ao
talento que nunca existiu, a beleza que nunca tivemos um brinde a tudo que
nunca existiu.
Brindemos
hoje a vida seja ela como for. Brindemos todos neste momento, porque
simplesmente tanto faz!
Di Alencar