"Que as luzes se acendam e que a gente possa brilhar*..." Brilhar no espetáculo da vida, e que nossa existência seja regada a muitos sucessos e nunca deixemos de lutar pelo que acreditamos... "Me atiro do alto e que atirem no peito, da luta não me retiro*..."
*Trechos de músicas dos artistas Vander Lee e Fernando Anitelli






quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Paixão pela Palavra!


A palavra é fluida. As palavras são fluidas! Fluem, correm, dançam como águas de um córrego. Disse Manoel de Barros: “algumas palavras são tão úmidas que é quase possível tocá-las.” Graciosa umidez. Palavras são belas, sejam elas rebuscadas ou simplesmente simples. Sejam elas bem pronunciadas ou lindamente dizidas. As palavras são acessíveis, isso é impossível negar... É possível vê-las, ouvi-las, senti-las, tocá-las e até gesticulá-las.
E além de fluidas, belas e acessíveis, palavras são amigáveis e amorosas (salvo algumas exceções, claro!). São companheiras! As palavras estão por ai, sempre estiveram... Sozinhas ou em grupo, duplas, trios. O que fazer senão juntá-las? Eu as convido a confraternizar. Algumas são bastante solícitas, já outras nem tanto. Convenço-as a construir idéias... Convenço-as a torna-se parte da vida e muitas delas realmente passam a ser parte dela. Eu e elas! Ou elas e eu!
Palavras são fluidas e por isso escorrem dos poros (sim, pois não basta inspiração, tem que haver também transpiração). Elas correm em meus rios de pensamentos e deságuam no papel. Nascem, renascem... Ou reorganizam-se, reagrupam-se, são reconduzidas. Sim! É fato que existem condutores melhores que este que vos fala, e ainda assim elas são fieis... Estão sempre a meu lado... As palavras são admiráveis, inigualáveis, amigáveis, companheiras... São parte de mim.
As palavras são apaixonantes...
Hoje sou simplesmente PAIXÃO PELA PALAVRA...

Di Alencar

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Conversa Sobre Nada...



Às vezes fica meio... Sei lá! Sente que...  Por que... Nunca entende o porquê de...  É estranho, pois...  Como poderia imaginar? Degringolagens estapafúrdias regurgitadas em insanas autofagias. O que quer que seja dito? Nada foi dito! É estranho por que... É estranho! Já falou isso!? E aquela refeição mal feita? O copo d’água derramado? A irritação por encontrar-se irritado? A xícara de café que não bebeu? E os olhos que não olhou? E o beijo que não deu? O cheiro vermelho e amarelo do sol no fim de tarde. O sol envelheceu e se foi, veio à noite e as estrelas, e a lua tímida com o olho entre aberto anunciando o mal estar pela não contemplação.
E a sensação de noite mal dormida... E a sensação de sensação ruim! É estranho não sentir o dia. Passar o dia é pouco interessante. “Todos estes que ai estão atravancando o meu caminho (e o meu dia). Eles passarão. Eu passarinho!” Assim é bem melhor Mario Quintana! Os carros que passam, o risco de vida, a vida sem rumo, o céu sem cor. Não sentir o gosto do dia! Tudo parece confuso... Não dá pra entender...
A desutilidade do dia o torna desutil! Mas estar desutil é sentir, e não se sente nada agora... Quando a lua se for e o sol for jovem outra vez, estará de pé... Outra vez de pé pensante e delirante, amante, brincante, falante! Eu sei é tudo sem sentido...
A noite desaba violentamente em seus ombros, atordoando-o enquanto o silêncio grita em seus ouvidos... Grita tão alto que quase não ouve o som dos seus pensamentos! O corpo traidor tenta abandonar sua função inesperadamente, sem prévio aviso... O Sistema esta sendo encerrado.
Tudo isso é não compartilhar palavras! Palavras e silêncio que finalmente se encontram, e confundem-se... E seu rosto não parece mais o mesmo sem sorriso. Alguns sorrisos espelhados (sinceros até) surgem aqui acolá, e nada mais. NADA! Não como o peixe que nada, mais sim como o nada que... Simplesmente nada!
Dormir é o remédio! O sono lhe devolverá tudo, o tudo que nem sei... Essa frase se repete constantemente em sua cabeça! O tudo que nem sei! O tudo que não é...


Di Alencar

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E essa tal inspiração?


Inspiração nada mais é que sentimento, e sentimento se sente o tempo todo, mesmo quando se diz não sentir nada o nada que se sente é sentimento. Sinto que não sinto nada e tenho a meu favor o tudo que não sinto.
Acordo inspirado! O cheiro do café me inspira, o latido do cachorro, o grito da criança, o amigo que bate na janela. Parece impossível ser acordado e sentir-se inspirado, mas se inspiração é o ato de sentir, a raiva me parece bastante inspiradora. Não tão incerto, nem nada. A frase não é minha, mas a inspiração que ela me trás é genuína, pois sinto o que se faz sentir através da comunhão das palavras que a formam. Às vezes inspirado às vezes não! Outra frase copiada que me põe a refletir sobre tudo isso que agora é texto, é casamento, é ajuntamento, é comunhão. E por falar nisso, não há maior inspiração que a comunhão, mas não uma comunhão qualquer, falo dessa comunhão que compartilho agora através destas palavras... A comunhão das palavras.
Comunhão é melhor que ajuntamento ou “compilagem” ou “juntação”. Ninguém comunga por obrigação, e se o fizer deixar de ser na sua essência. Comunhão das palavras inspira muito mais, pois comunhão significa o ato ou a condição de compartilhar das mesmas idéias, valores, SENTIMENTOS... E inspiração nada mais é que sentimento! Sentir o vento, sentir as pessoas (que é diferente de tocá-las), sentir o balanço das folhas, sentir o céu, o mar, as nuvens, o infinito que nunca conheci... Sentir lugares que nunca estive, sentir sentimentos que nunca tive, sentir o calor, e o frio, e o cheiro, e os sons, e as palavras.
Sentir o mundo no balanceio de um balanço, no sorriso de um desconhecido, no cantar de um passarinho que às vezes parece dolorido, mas que é sublimemente sublime!  Sentir a lágrima no rosto, a chuva chegando e o sol se despedindo, a chuva se indo e o sol escondido... Sentir que já nem sei se sinto e de repente sentir a vida no beijo de uma borboleta que sei não de onde veio, mas não teve medo e sentou ao meu lado, e depois se foi... Tão pouco tempo de vida e veio sentar comigo alguns minutos. Isso é inspiração... Sentir o mundo...
Sentimento é inspiração e a recíproca é verdadeira...  


Di Alencar