"Que as luzes se acendam e que a gente possa brilhar*..." Brilhar no espetáculo da vida, e que nossa existência seja regada a muitos sucessos e nunca deixemos de lutar pelo que acreditamos... "Me atiro do alto e que atirem no peito, da luta não me retiro*..."
*Trechos de músicas dos artistas Vander Lee e Fernando Anitelli






quinta-feira, 24 de março de 2011

Aquelas Reflexões



      Certo dia ele acordou e ela o tinha deixado... Olhou pros lados e tudo estava em tons de cinza. Levantou-se, e seguiu arrastando-se em direção ao banheiro. A água corria pelo seu corpo e só, não fazia diferença. O cheiro do sabonete havia sumido, e seu reflexo havia sumido do espelho. Pegou qualquer roupa (as cores sumiram), vestiu-se e tomou seu café sem nem saber o que comia, pois nada tinha gosto nem cheiro. Ao passar pela porta foi golpeado pela sequidão dos raios do sol que estava...  Cinza? Sim o sol também perdera a cor.

            Buzinas e jornaleiros anunciando as manchetes faziam parte do cenário da cidade, porém nada lhe interessava (ou nada queria ouvir), as noticias no rádio não faziam sentido... Seus olhos olhavam em uma única direção.  O dia passou, morno, nada parecia animá-lo. E os dias foram passando, e os meses foram passando, e os anos foram passando e nada lhe interessava, não fazia planos, não olhava adiante, apenas vivia seus dias acinzentados um a um... Sempre do mesmo jeito.

            Conheceu pessoas, visitou lugares, mas a única coisa que ainda lhe tirava do seu estado de inércia era a lembrança dela, a vaga lembrança daqueles dias em que viveu a seu lado... Dos longos passeios de mãos dadas. Dos planos e projetos que fizera naqueles anos em que esteve com ela. Varias vezes teve a sensação de sentir sua presença, mas em seguida a frigidez de sua alma lhe fazia voltar a si. Era todo razão! Não ousava! Vivia dias minuciosamente reproduzidos.

            Certo dia acordou, olhou para os lados e nada encontrou como de costume, levantou-se e seguiu o mesmo ritual de todos os dias. Estava pronto para mais um dia... Tanto faz, pensou. Abriu a porta, estava de cabeça baixa, mas percebeu que alguém o observava, levantou a cabeça e uma lagrima escorreu em seu rosto ajoelhou-se, parecia não acreditar... Chorou como nunca. Tudo havia ganhado cor, cheiro e brilho novamente... Dali a pouco limpou os olhos cheios de lágrimas, levantou-se olhou para ela ali parada a sua frente abraçou-a – Onde esteve todo esse tempo? Porque me abandonou? Perguntou. Eu não te abandonei, foi você que me perdeu! Respondeu ela. Quem é ela? A Esperança.

            Sem esperança nada mais vale a pena, tudo perde o sabor e o brilho... Sem esperança o mundo fica sem cor e a vida sem sentido! Nunca perca a esperança e tudo será possível, por mais impossível que pareça.  

            Em dias como os que vivemos a esperança tem se tornado ainda mais importante. Como levantar e continuar sem ela? O mundo sofre... Não me refiro apenas as tragédias no Japão, mas também as que aconteceram e acontecem no Brasil, no Haiti, na Austrália e em tantos outros lugares do mundo. A natureza não é tirana! Ela não aparece apenas pra mostrar sua força a troco de nada. Tudo o que vem acontecendo nada mais é do que a lei da ação e reação... Todas as ações do homem estão sendo devolvidas na mesma intensidade! Ter esperança e continuar lutando no sentido de ao menos minimizar os efeitos das nossas próprias ações, é tudo que nos resta! Ter esperança de que vamos conseguir alcançar a sustentabilidade, que vamos acabar com a exploração do homem pelo homem e que vamos deixar de submeter nossos iguais a fome e ao descaso em busca de acumulo de riquezas... Volto a perguntar: quando tudo acabar, o que é que nós vamos fazer com o dinheiro? Construir casas de dinheiro? Comer dinheiro? Respirar dinheiro? Ou simplesmente pegar uma espaçonave e voar para marte?

            Tenhamos esperança de que um dia em algum lugar possamos ver o fim de tudo isso... Tenhamos esperança de que um dia poderemos finalmente viver em paz!




Di Alencar

sábado, 5 de março de 2011

Simples Cidade

Vai diminuindo a cidade
 Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mas sincero o bom dia

Mas mole a cama em que durmo
Mas duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
[...]
(Pato Fu)


De repente me deu uma saudade da simplicidade! Saudade de comer fruta tirada do pé, de andar de pés descalços no quintal sentindo a areia entre os dedos, saudade de não me preocupar com nada e só viver, todas as horas, todos os minutos e segundos do dia sem me preocupar com o que vira! Saudade de brincar com o cachorro e rolar no chão com ele, saudade de sentar e só falar besteira e depois gargalhar até faltar o ar... Saudade de sentar na frente de casa com as pessoas queridas e apenas conversar conversas sinceras de gente que realmente se importa com a gente e se sente bem ao nosso lado. Saudade de olhar a Lua e de ver as estrelas, quem só viu o céu à noite na cidade , nunca viu o céu como ele realmente é! Saudade de acordar de madrugada e me perder na imensidão que é a noite escura e densa! Saudade de sorrir sem motivo só por estar ao lado de pessoas incríveis, saudade de contar estórias sentado no chão com os grilos cantando e nada mais...
Saudade da simplicidade do dia a dia, de tomar café olhando o orvalho na folha das arvores, saudade de comida feita no fogão a lenha, do silêncio perturbador e da mesmice entediante que agora me parece tão atraente... Saudade daquele bom dia verdadeiro do senhor que você nem conhece e do sorriso da criança brincando na rua! Saudade das longas conversas despretensiosas com os vizinhos ali ao pé da cerca... Saudade das galinhas soltas no quintal, saudade de sentar no batente da porta colocar a mão no queixo e ver a chuva escorrer pelas folhas e cair no chão, e aquele cheirinho de terra molhada, que saudade daquele cheiro... O asfalto cheira mal quando molha. Saudades da simplicidade e daqueles bons tempos que não voltam mais. Como éramos felizes e sabíamos disso! Hoje o sentimento que sinto é saudades... Saudades da tão valiosa simplicidade dos nossos dias!
“Algo simples, quero algo simples...”



Di Alencar

sexta-feira, 4 de março de 2011

Aquelas Reflexões




Agora resolveram frear o crescimento do país sob o argumento de frear a inflação. Disse o senhor Ministro da Fazendo Guido Mantega: Nesse momento é prudente reduzirmos o crescimento econômico do país, para não corrermos o risco de experimentarmos um crescimento pífio no ano de 2011. O objetivo é frear o crescimento da inflação e aumentar o poder de compra do salário mínimo.
PÍFIO: adj. Baixo; grosseiro; vil.
            Baixo, grosseiro e vil senhor ministro é o descaso do Estado para com seus trabalhadores e pais de família, e com suas famílias, descaso deste nosso conjunto de poderes políticos para com sua nação e seus cidadãos. Pífia é a forma como este país vem sendo conduzido. Meus conhecimentos sobre economia limitados não me permitem fazer reflexões mais profundas sobre o assunto acima mencionado, porém o que consigo identificar claramente é que todos os dias surgem novas operações tapa buraco e releituras do que um dia foi chamado de política do pão e circo... Tornou-se comum nos noticiários reportagens sobre os chamados crimes do colarinho branco (o sistema de classes chegou até para os crimes), e na velocidade com que tais crimes são cometidos são também acobertados, rios de dinheiro são roubados, direitos são violados, retaliações, queimas de arquivo e por ai vai... Quem nunca ouviu falar do mensalão e do dinheiro nas malas, maletas, meias e cuecas?
Pagamos pesados impostos que teoricamente seriam utilizados e revestidos em melhorias para o beneficio geral, mas na realidade financiamos um sistema corrupto e extremamente caro e recebemos em troca algumas migalhas que nem as necessidades mais básicas é capaz de suprir... E quando a coisa aperta e é necessário cortar custos adivinhem quem é sacrificado? BINGO! O trabalhador assalariado e, por conseguinte todos aqueles que dependem financeiramente dele. Mas no final das contas tá tudo bem, afinal a seleção brasileira é penta campeã mundial de futebol e também nós somos brasileiros e por mais que sejamos injustiçados, roubados, injuriados e traídos não devemos desistir nunca... É brasileiro tem que agüentar tudo e não desistir nunca.
 ‘Deixa à vida me levar vida leva eu... ’
            Enquanto continuarmos deixando a vida nos levar, porque não devemos levar a vida tão a sério (afinal as dividas nem são tão grandes assim, da pra apertar e comprar uma TV nova), enquanto continuarmos alimentando uma ideologia extremamente consumista e alienante vamos continuar mergulhados nesse mar de lama. Somos cúmplices dessa vergonha... Sim! Cúmplices! Pois sabemos do que acontece, a maioria de nós tem consciência e sede a política do rouba, mas faz. Sabemos que muita coisa ta errada, mas continuamos sentados no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar... Eu não sei onde queremos chegar dessa forma!!!
Leia essa frase e veja se faz algum sentido pra você: ‘NÃO ACOMODAR COM O QUE INCOMODA!’



Di Alencar