"Tenho
nojo do meu eu. Enjoa-me o simples pensar em mim. O ser-eu é repugnante. Já não
me reflexo mais, porque não me suporto. Tenho nojo do meu eu. Minha
imprestabilidade me leva a querer cuspir em mim. Enojo todos os meus
defeitos... E também minhas qualidades, pois são hipócritas e nojentas. Tentam
convencer-me, remeter-me, salvar-me. São inúteis, assim como eu! Tentam
esconder-me verdades impossíveis de se esconder. Esfrega-se a verdade em minhas
fuças. E ela vocifera continuamente: ‘IMPRESTÁVEL’... Tenho nojo do meu eu.
Porque macula a existência meu existir! Toda essa podridão, e imprestabilidade,
e hipocrisia, covardia! E a vida sussurra em meus ouvidos: ‘covarde
imprestável’. É inútil ser imprestável. Sou de uma inutilidade faraônica. Tenho
nojo do meu eu. Minha imprestabilidade leva-me a querer cuspir no meu existir.
Leva o mundo a querer cuspir em mim. Tenho nojo do meu eu. Simplesmente tenho
nojo. Porque ser imprestável é nojento."
Antero D'Sousa
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